quinta-feira, 8 de março de 2012

Saudade de Mãe



 


Saudade de Mãe


Coloquei o filtro da arte naquela cena comum, 
e a luz , que até então estava escondida 
veio surpreender-me com seu
poder de claridade.

A mulher simples, mãos calejadas de lida rotineira,
mulher que aprendeu a curar as dores do mundo
a partir de meus joelhos esfolados 

de quedas e estrepolias.
Aquela mulher, minha mãe, 

rosto iluminado pela labareda 
que tinha origem no fogão de lenha. 
Trazia consigo o dom de me devolver a calma,
 que a vida tantas vezes insistiu em me roubar.
Aquela cena: mulher, fogão de lenha, 
panela preta escondendo a brancura 
de um arroz feito na hora.
É uma das cenas mais preciosas 
que meu coração não soube esquecer.
Saudade de mãe é coisa sem jeito, 
chega quando menos imaginamos: 
um cheiro, uma melodia, uma palavra... 
uma imagem, e eis que o cordão do tempo,
nos convida ao retorno da infância.

Como se um fio nos costurasse de novo 
ao colo da mulher que primeiro nos segurou na vida 
e agora nos pudesse regenerar.
Saudade de mãe é ponte 

que nos favorece um retorno a nós mesmos;
travessia que borda uma identidade

 muitas vezes esquecida,
perdida na pressa que nos leva.

Saudade de mãe é devolução,
 é ato que restitui o que se parte;
é luz que sinaliza o local do porto,
é voz no ouvido a nos acalmar nas madrugadas 

de desespero e solidão,
através de uma frase simples: 

Dorme meu filho! Dorme!

Hoje, nesse dia em que a vida me fez criança de novo,
neste instante em que esta cena feliz tomou conta de mim,
uma única palavra eu quero dizer: 

Oh minha mãe, que saudade eu sinto de você!

(Fabio de melo)

 

 





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