quinta-feira, 8 de março de 2012

Mãe - Saudade das conversas






Saudade das conversas

Quando eu penso em quando conversávamos,
quero dizer,
conversávamos compridamente,
sobre coisas sonhadas, 
e eu me acostumei com o som de sua voz,
com o teu jeito amoroso de me falar de amor 
sem que eu pedisse e me sorrir numa 
cumplicidade quase sem palavras.

Eu me acostumei com tudo, 
que mais tarde me faria tanta falta.
Enquanto conversávamos, 
eu pensava que era  bom que tudo acontecesse,  
que o futuro estivesse tecendo seus dias entre chuvas,
sóis e luas cheias
Eu tenho saudade daquele tempo; 
eu sabia das tuas músicas favoritas,
das tuas inclinações e ambições.
Sabia dos planos, das conquistas, do cansaço, 
das alegrias e revoltas.
E a minha vida nem era essa coisa absurda que ficou
Nela, os espaços eram preenchidos pelas tuas palavras, 
tua ternura curta, dolorida e branca.
Depois veio o silêncio cruel.
Um silêncio que me entregou a um mundo
 que eu nao conhecia, que não me pertencia, 
trazendo o não sentido das coisas.
Mas eu esperei...
Às vezes num contido silêncio;
noutras vezes, não agüentando, 
te procurava como que querendo manter 
a todo custo uma história que não existia mais...
( e eu me lembro direito de tudo
como era antes...)

Queria continuar aquela conversa que , 
nunca terminaria;
queria continuar a trocar impressões de vida!
Depois veio algo bem maior que o silêncio, 
doendo muito mais que todas as palavras frias: 
o vazio
Hoje, a vida nos separou.
Tudo igual pelo mundo, 
tudo absolutamente igual.
Só tua voz é que saiu de viagem e,
sem explicação nenhuma,
não voltou nunca mais!








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